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segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Cartas.

Todas as cartas que repousaram empilhadas na gaveta daquele armário velho da sala e as que estão guardadas em mim, que não foram escritas por medo de uma resposta. As mofadas, queimadas, rasgadas, manchadas e borradas pela água que sem querer escorreu dos olhos por aquele dia que você não veio me ver, ou pela caneta que era ruim, não me lembro mais. Toda essa sensação ridícula, que só era ridícula pelo tamanho da sinceridade que carregava. Pela vontade de repetir mais de cem mil vezes, sem sequer razão e motivo. Todos os questionamentos insignificantes nas madrugadas escuras, que seriam tão facilmente evitadas com um pouco do seu romance, carinho e atenção. Todas as ressacas, maldito porre, que por milésimos de segundo não foram preenchidos com a sua exuberante companhia. Todo vocabulário certo que me vem da pessoa errada e todas as pessoas erradas que insistem em tentar me fazer feliz, quando na verdade, são incapazes para tal feito. Todos os risos forçados que me geraram lágrimas nesse travesseiro cor lilás. Toda inocência de um sentimento que hoje se mostra inapto, quase ausente. Todas as danças vazias, que agora me trazem um vazio ainda maior. Todos os finais de semana que me doem o resto da semana e todos os dias que parecem ser infinitos... Todo balão de mentira que enche de ar, o que há 'pouco' poderia ter sido a sua presença.

As pautas fechadas.
As decepções.



Tatiane Salles.

4 comentários:

  1. Me fez lembrar de uma velha música dos Engenheiros do Hawaii... "Tô sempre escrevendo cartas que nunca vou mandar // Pra amores secretos, revistas semanais e deputados federeais..."
    GK

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  2. Tatiane,

    Me recordo dessas cartas, as que hoje cheiram a mofo e não tenho vontade de mandar, a tantas que recebi e que mal pude falar, ou se quer responder as que vivi e que agora estão no canto guardadas, esperando um dia ser reveleadas.

    Um grande beijo.

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  3. Queime uma vela por elas
    E lhes reze uma oração
    E às mofadas e amarelas
    Ponha fogo, sem perdão;
    Mas separe com carinho
    Aquelas que, bem baixinho,
    Te falam ao coração.


    Abraços, menina.

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  4. Amei e amei esse trecho: "Todos os questionamentos insignificantes nas madrugadas escuras, que seriam tão facilmente evitadas com um pouco do seu romance, carinho e atenção."[...] E são nessas madrugadas escuras de questionamentos infinitos que nos saem as mais belas inspirações, sentimentos traduzidos em palavras ou em canções.
    Seus textos me encantam, parabéns moça!
    Beeijos
    http://derepentecrieiumblog.blogspot.com.br/

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